"Eu visitava os eleitores, de casa em casa, batendo em
algumas ruas a todas as portas ... Doía ver o quanto custava a essa gente
crédula a sua devoção política. Uma vez ... entrei na casa de um operário,
empregado em um dos arsenais, para pedir-lhe o voto. Chamava-se Jararaca, mas
só tinha de terrível o nome. Estava pronto a votar por mim, tinha simpatia pela
causa, disse-me ele; mas votando, era demitido, perdia o pão da família; tinha
recebido a chapa de caixão ( uma cédula marcada com um segundo nome, que servia
de sinal), e se ela não aparecesse na urna, sua sorte estava liquidada no mesmo
instante.
... Estou pronto a
votar pelo senhor...
'....Não, não é preciso', respondi-lhe, 'vote como o governo,
não deixe de levar a sua chapa de caixão, não arrisque à fome toda essa
gentinha que está me olhando' (quatro crianças pequenas)... 'Há de vir tempo em que o senhor poderá votar em mim
livremente, até lá, é como se tivesse feito'.. E saí com medo que ele se
arrependesse e fosse votar em mim."
Fonte: Joaquim Nabuco. Minha formação. Topbooks, p 187.