Páginas

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

PASSAGEM PELA POLÍTICA



"Eu visitava os eleitores, de casa em casa, batendo em algumas ruas a todas as portas ... Doía ver o quanto custava a essa gente crédula a sua devoção política. Uma vez ... entrei na casa de um operário, empregado em um dos arsenais, para pedir-lhe o voto. Chamava-se Jararaca, mas só tinha de terrível o nome. Estava pronto a votar por mim, tinha simpatia pela causa, disse-me ele; mas votando, era demitido, perdia o pão da família; tinha recebido a chapa de caixão ( uma cédula marcada com um segundo nome, que servia de sinal), e se ela não aparecesse na urna, sua sorte estava liquidada no mesmo instante.
 ... Estou pronto a votar pelo senhor...
'....Não, não é preciso', respondi-lhe, 'vote como o governo, não deixe de levar a sua chapa de caixão, não arrisque à fome toda essa gentinha que está me olhando' (quatro crianças pequenas)... 'Há de vir tempo em que o senhor poderá votar em mim livremente, até lá, é como se tivesse feito'.. E saí com medo que ele se arrependesse e fosse votar em mim."

Fonte: Joaquim Nabuco. Minha formação. Topbooks, p 187.


Nenhum comentário:

Postar um comentário