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sexta-feira, 27 de junho de 2014

COMO OS JAPONESES EDUCAM AS SUAS ELITES


“Quando um país dá certo, diligentemente buscamos imitá-lo, como se isso fosse garantia de repetir o seu êxito. Muito louvável, desde que imitemos aquilo que realmente tem a ver com tal sucesso. Matar presidentes, mascar chicletes e discriminar minorias
étnicas certamente não nos levará à abundância americana. Comer de pauzinhos, cantar no karaokê e exercitar-se nas cerimônias do chá não nos trarão a prosperidade japonesa. Infelizmente, o que vale a pena imitar constitui-se em dieta árdua. A educação nos fornece um bom exemplo.
O London Times publicou os horários de uma escola para filhos de executivos japoneses morando na Europa. Trata-se da Gyosei International School, que começou a operar próximo a Londres, com trezentos alunos em regime de internato. A escola seguirá, à risca, o horário de sua matriz no Japão. Vale a pena reproduzi-lo integralmente:
6:00 - Levantar-se e arrumar o quarto
6:05 - Exercícios matinais e reuniões
6:30 - Café-da-manhã
6:50 - Preparação para as aulas
7:00 / 7:50 - Primeira aula
8:05 - Estudo individual ou prova
8:25/ 12:15 - Aulas

12:00 / 13:00 - Almoço
13:00 / 13:50 - Aulas
13:50 - Reunião ou estudo
14:30 / 16:30 - Aulas suplementares
(japonês, inglês, matemática etc.)

17:30 - Descanso, banho
18:00 - Jantar
18:30 / 20:30- Limpar o quarto, estudo individual e aulas
20:30 - Intervalo e lanche
21:00 / 22:30 - Estudo individual
22:30 - Preparar-se para dormir
23:30 - Apagam-se as luzes
Até os ingleses - em outros tempos arautos de um regime espartano em suas melhores escolas - assustaram-se com o rigor do regime. O Sindicato dos Professores ensaiou os seus protestos. Há excesso de pressão sobre os alunos, reclamam zangados. Como concessão, os professores locais contratados pela escola não têm que se levantar tão cedo.
Não parece absurdo supor que a disciplina japonesa e a indignação britânica sejam relevantes para explicar o êxito dos primeiros e a decadência econômica dos ingleses naqueles anos. Boa educação e bons hábitos de trabalho jamais foram cacoetes pitorescos e inúteis.”



Fonte: Castro, Claudio de Moura; Educação brasileira: consertos e remendos. Ed. Rocco, 2007. p. 293

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